Quando deu por si, Mary Jane estava a passear com Alexander, ou Lycanthrope, como gostava de ser chamado. O mais estranho é que não se sentia cansada.
- Sendo assim, não deves gostar muito da realidade… - comentou Alexander.
- Oh, eu gosto, gosto de viver para aquilo que gosto!
- Não te perguntei se gostavas de viver, afirmei que não gostavas da realidade!
- Não é a mesma coisa?
Alexander fez um meio sorriso.
- Deixa-me mostrar-te uma coisa!
Continuaram a atravessar as ruas. Apareceram algumas pessoas, no entanto, as ruas continuavam praticamente desertas.
- Vês aquela senhora? – perguntou Alexander, apontando para uma senhora idosa, numa cadeira de rodas.
- Sim!
- Vês quem a acompanha?
Mary Jane olhou e viu um rapaz jovem e atraente que empurrava a cadeira de rodas da senhora.
- O filho dela?
- O namorado dela!
- Não pode ser!
- É verdade! Aquela senhora é das mulheres mais ricas da cidade, e aquele rapaz, de apenas 25 anos, namora com ela!
- Só pode ser pelo dinheiro!
- Claro que é pelo dinheiro! No entanto, o namorado da senhora tem a sua própria namorada, uma rapariga jovem e viva como ele, que espera também herdar uma parte da fortuna da senhora quando morrer!
Mary Jane abriu a boca de choque.
- A realidade é muito estranha, não é? – comentou Alexander.
Enquanto isso, o rapaz continuava a empurrar a senhora para longe deles. Tinha um ar de frete na sua cara.
- Não é estranha, é terrível!
- Não exageres! A senhora pode perceber tudo a tempo! Ela tem tudo do seu lado!
- Ele pode assassiná-la!
- Não faças filmes! Ela tem muita gente para a proteger! Anda!
Lentamente, Mary Jane viu a senhora idosa, juntamente com o seu “namorado”, desaparecer.
De novo na rua praticamente deserta, começaram a ouvir gritos.
- Que se passa? – perguntou Mary Jane.
- Vai investigar!
Mary Jane correu e deparou-se com duas senhoras a lutar, uma delas com uma criança de dez anos na sua mão, que chorava baba e ranho.
- Que se passa? – repetiu.
- Aquela mãe bateu no filho por que ele se portou mal! A outra mulher é infértil e a sua maior ambição é ter filhos! Quando viu a mãe a dar o estalo no filho, descontrolou-se!
Mary Jane, sem pensar, correu a agarrar uma das senhoras, a que não tinha filhos.
- Não é justo! – gritou a mulher.
- Acalme-se, por favor!
A outra mulher, juntamente com o filho, afastaram-se a correr, a criança ainda a chorar, mais de medo do que da bofetada.
- Não é justo! Não é justo! – repetiu a mulher.
- Senhora…
- Há pessoas que não nascem para ser mães e têm filhos, muitos! Eu podia ser mãe e ninguém me dá nenhum, nem mesmo Deus!
Mary Jane recuou e a senhora limpou as lágrimas.
- Já tentou a adopção? – perguntou.
- É impossível, não posso ter um filho meu!
Mary Jane perguntou-se se a senhora a tinha ouvido, enquanto a via afastar-se.
- Que estranho! – comentou.
- É o que ela sente! – replicou Alexander – Acho que lhe chamam hormonas!
- Acho que lhe chamam falta de tacto! Àquilo que acabaste de dizer, claro!
Alexander encolheu os ombros. Sentou-se num banco de rua e Mary Jane acompanhou-o.
- A realidade é dura, não é? – perguntou Alexander.
- A realidade é ridícula... Vou para casa descansar…
sexta-feira, 7 de maio de 2010
sexta-feira, 30 de abril de 2010
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Script Frenzy


Com algum atraso (7 dias), comecei a participar no Script Frenzy, uma acção promovida pelos criadores do NaNoWiMo, cujo objectivo é criar um guião para um filme, teatro, etc, com pelo menos 100 páginas, durante o mês de Abril.
Para ser mais fácul recuperar o tempo perdido, vou pegar numa história que já tenho, a do meu primeiro livro (sim, aquele que escrevi aos 12 anos e que é, literalmente, a vergonha!!!) e escrever um guião para um filme, usando os meus actores favoritos.
Fiquem atentos ;)
quinta-feira, 1 de abril de 2010
There was a girl
There was a girl
Staring with her blue eyes
Seeing the world around her
Especially the guys
One of the guys said:
“I love your blue eyes, as far as I can see”
The girl answered:
“Come and stare with me”
Then the guy said
“That was just one of my lies
I don’t love you
Or your blue eyes”
The girl started to cry
And rivers of water blown
From her blue eyes
Making the guy drown
In the end there was just a girl
Staring with her blue eyes…
Que poema mais parvo, mas apeteceu-me
Staring with her blue eyes
Seeing the world around her
Especially the guys
One of the guys said:
“I love your blue eyes, as far as I can see”
The girl answered:
“Come and stare with me”
Then the guy said
“That was just one of my lies
I don’t love you
Or your blue eyes”
The girl started to cry
And rivers of water blown
From her blue eyes
Making the guy drown
In the end there was just a girl
Staring with her blue eyes…
Que poema mais parvo, mas apeteceu-me
segunda-feira, 29 de março de 2010
Hail Lulu.com

Terminei a conclusão da trilogia e, visto que rever ao computador é impossível para mim (por muitos erros que tenha, eles passam-me sempre ao lado), resolvi imprimir. Mas onde imprimir o meu manuscrito de 237 páginas?
Fui a um centro de cópias e perguntei por quanto me imprimiam e encadernavam e disseram que saia assim por 21€. 21€???? nem pensar
Até que me lembrei de no "Conversas Imaginárias" o Thanatos me tinha falado do site Lulu e como podia pedir só uma cópia para mim. Decidi experimentar. E devo dizer que estou muito satisfeita!
A capa ficou bem, apesar de pixelizada, e rever um livro em... livro, é outra coisa x) e saiu bem mais barato, por 8€.
I´m really happy :D
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Book Journal
sábado, 2 de janeiro de 2010
Lycanthrope or the Weird Reality (NaNoWriMo 2009) - I
Lycanthope or the Weird Reality foi a novela que escrevi para o concurso internacional NaNoWriMo 2009, cujo objectivo era escrever no espaço de um mês uma obra de 50000 palavras. No final, a minha noveleta ficou com 57,017. Aqui vou deixar por partes curtas o que escrevi. De seguida deixo o link para o resumo (em inglês) para a história da novela,
inserida dentro do tema de Fantasia.
http://www.nanowrimo.org/eng/user/566210
PS: Os erros serão compreendidos pelo facto de o tempo para a revisão ser escasso, não? :)
******
Capítulo Primeiro
A música que tocava no mp3 embalava-a como num sonho. As pessoas na rua corriam, pisando as folhas mortas, para se abrigar do vento uivante, o presságio de que o Inverno seria frio. Não fosse o facto de estarmos em Londres e não demorar a cair as primeiras neves.
No entanto, Mary Jane não reparava nas pessoas. Fechada na sua concha, sentia-se levitar ao atravessar as mesmas ruas, não sentindo a chuva que a molhava, nem o guarda-chuva partido que alguém “perdera” prender-se nas suas pernas.
Parou e fixou um ponto infinito. As pessoas acotovelavam-na, enquanto criticavam os jovens de hoje que achavam que o Mundo era deles. Espirrou. Maldita chuva, agora teria de ficar em casa com gripe.
Continuou a avançar até chegar a casa. Despiu o casaco ensopado e deixou-se cair na entrada. Sentiu alguém pegar-lhe e tirar-lhe as roupas, para depois se sentir enchouriçada na banheira com água quente. Bocejou. Tão cansada…
- O que pensas que fazes, a atravessar a rua à chuva sem te protegeres?
Mary Jane levantou os olhos azuis sonolentos para o seu irmão.
- Não sei…- respondeu.
Tão cansada. Deixou-se adormecer.
Quando acordou, estava aconchegada na sua cama. Levantou-se e sentiu-se zonza. Era de dia - o que significava que tinha dormido o resto da tarde e a noite toda. E estava esfomeada.
Deambulou escadas abaixo até à cozinha. A casa estava deserta. Olhou para o calendário - era sábado. O seu irmão devia estar num treino qualquer e os seus pais deviam estar a trabalhar.
Depois de comer uma refeição rápida, saiu para a rua. Mesmo estas estavam mais desertas que o habitual. Nada como aproveitar a manhã de sábado para dormir.
Sentou-se num café de esquina, praticamente deserto, sendo apenas povoado por um homem a ler um jornal. Enquanto esperava pelo pedido, alguém se sentou na sua frente. Era um rapaz, mais velho que ela, vestido de negro da cabeça aos pés, de cabelos negros algo compridos e olhos cinzentos, frios. No entanto, era algo atraente.
- Posso-me sentar? Todos os outros lugares estão ocupados…
Mary Jane olhou em volta, vendo muitos lugares livres. Além disso, o rapaz já estava sentado.
- Como queiras…
Mary Jane preparou-se para levantar, mas mudou de ideias. Fixou o rapaz.
- Há muitas mesas vagas…
- Não, não há! – respondeu o rapaz – Não vês?
Mary Jane olhou, mas continuou a ver o café vazio. Desta vez, já nem o homem a ler o jornal estava lá, nem sequer o empregado no balcão.
- Não vejo ninguém…
O rapaz sorriu, apenas de um lado, o que lhe deu a impressão de que gozava com ela.
- Não te apresentas? – perguntou.
- A minha mãe não me deixa falar com estranhos! – replicou Mary Jane, com ironia.
- Oh vá lá, visto que vamos estar ainda um bom tempo a olhar um para o outro, pelo menos deixa-me saber o teu nome!
Mary Jane fixou os olhos cinzentos do rapaz. Na sua imaginação, eles pareciam estranhos, quase lupinos.
- Mary Jane, mas podes tratar-me por MJ! – disparou.
- Alexander, prazer! – Alexander esticou a mão – Chama-me Lycanthrope!
- Lycan… quê?
- Lycanthrope… nome de família!
Mary Jane preparou-se para se levantar. Não estava para aturar os devaneios de um jovem que gostava de ter uma alcunha que parecia ter sido tirada de um videojogo.
- Espera!
- Sim?
- Que idade tens?
Mary Jane semicerrou os olhos.
- Pervertido!
- Desculpa?
- Queres saber a idade de uma adolescente com quem começaste a meter conversa do nada!
- Oh, como queiras!
Mary Jane fixou-o, ainda sentado na sua frente, com ar despreocupado. Sabia que tinha de ir embora, mas, por alguma razão inexplicável, não conseguia.
- Tenho dezasseis anos! Satisfeito?
- Tenho vinte e três anos! Ainda bem que nos entendemos!
Mary Jane sorriu.
- Queres que me apresente formalmente?
- Sim, claro!
Mary Jane levantou, passou a mão pelo lenço que levava na cabeça e tirou-o, deixando a descoberto a cabeça praticamente careca, apenas revestida de uma fina penugem loira.
- Chamo-me Mary Jane! Tenho dezasseis anos! Adoro desenhar e não costumo socializar! Ah, e tenho carcinomas, sabes o que isso significa, não sabes?
- Significa que estás a morrer.
- Precisamente. Ainda bem que nos entendemos!
inserida dentro do tema de Fantasia.
http://www.nanowrimo.org/eng/user/566210
PS: Os erros serão compreendidos pelo facto de o tempo para a revisão ser escasso, não? :)
******
Capítulo Primeiro
A música que tocava no mp3 embalava-a como num sonho. As pessoas na rua corriam, pisando as folhas mortas, para se abrigar do vento uivante, o presságio de que o Inverno seria frio. Não fosse o facto de estarmos em Londres e não demorar a cair as primeiras neves.
No entanto, Mary Jane não reparava nas pessoas. Fechada na sua concha, sentia-se levitar ao atravessar as mesmas ruas, não sentindo a chuva que a molhava, nem o guarda-chuva partido que alguém “perdera” prender-se nas suas pernas.
Parou e fixou um ponto infinito. As pessoas acotovelavam-na, enquanto criticavam os jovens de hoje que achavam que o Mundo era deles. Espirrou. Maldita chuva, agora teria de ficar em casa com gripe.
Continuou a avançar até chegar a casa. Despiu o casaco ensopado e deixou-se cair na entrada. Sentiu alguém pegar-lhe e tirar-lhe as roupas, para depois se sentir enchouriçada na banheira com água quente. Bocejou. Tão cansada…
- O que pensas que fazes, a atravessar a rua à chuva sem te protegeres?
Mary Jane levantou os olhos azuis sonolentos para o seu irmão.
- Não sei…- respondeu.
Tão cansada. Deixou-se adormecer.
Quando acordou, estava aconchegada na sua cama. Levantou-se e sentiu-se zonza. Era de dia - o que significava que tinha dormido o resto da tarde e a noite toda. E estava esfomeada.
Deambulou escadas abaixo até à cozinha. A casa estava deserta. Olhou para o calendário - era sábado. O seu irmão devia estar num treino qualquer e os seus pais deviam estar a trabalhar.
Depois de comer uma refeição rápida, saiu para a rua. Mesmo estas estavam mais desertas que o habitual. Nada como aproveitar a manhã de sábado para dormir.
Sentou-se num café de esquina, praticamente deserto, sendo apenas povoado por um homem a ler um jornal. Enquanto esperava pelo pedido, alguém se sentou na sua frente. Era um rapaz, mais velho que ela, vestido de negro da cabeça aos pés, de cabelos negros algo compridos e olhos cinzentos, frios. No entanto, era algo atraente.
- Posso-me sentar? Todos os outros lugares estão ocupados…
Mary Jane olhou em volta, vendo muitos lugares livres. Além disso, o rapaz já estava sentado.
- Como queiras…
Mary Jane preparou-se para levantar, mas mudou de ideias. Fixou o rapaz.
- Há muitas mesas vagas…
- Não, não há! – respondeu o rapaz – Não vês?
Mary Jane olhou, mas continuou a ver o café vazio. Desta vez, já nem o homem a ler o jornal estava lá, nem sequer o empregado no balcão.
- Não vejo ninguém…
O rapaz sorriu, apenas de um lado, o que lhe deu a impressão de que gozava com ela.
- Não te apresentas? – perguntou.
- A minha mãe não me deixa falar com estranhos! – replicou Mary Jane, com ironia.
- Oh vá lá, visto que vamos estar ainda um bom tempo a olhar um para o outro, pelo menos deixa-me saber o teu nome!
Mary Jane fixou os olhos cinzentos do rapaz. Na sua imaginação, eles pareciam estranhos, quase lupinos.
- Mary Jane, mas podes tratar-me por MJ! – disparou.
- Alexander, prazer! – Alexander esticou a mão – Chama-me Lycanthrope!
- Lycan… quê?
- Lycanthrope… nome de família!
Mary Jane preparou-se para se levantar. Não estava para aturar os devaneios de um jovem que gostava de ter uma alcunha que parecia ter sido tirada de um videojogo.
- Espera!
- Sim?
- Que idade tens?
Mary Jane semicerrou os olhos.
- Pervertido!
- Desculpa?
- Queres saber a idade de uma adolescente com quem começaste a meter conversa do nada!
- Oh, como queiras!
Mary Jane fixou-o, ainda sentado na sua frente, com ar despreocupado. Sabia que tinha de ir embora, mas, por alguma razão inexplicável, não conseguia.
- Tenho dezasseis anos! Satisfeito?
- Tenho vinte e três anos! Ainda bem que nos entendemos!
Mary Jane sorriu.
- Queres que me apresente formalmente?
- Sim, claro!
Mary Jane levantou, passou a mão pelo lenço que levava na cabeça e tirou-o, deixando a descoberto a cabeça praticamente careca, apenas revestida de uma fina penugem loira.
- Chamo-me Mary Jane! Tenho dezasseis anos! Adoro desenhar e não costumo socializar! Ah, e tenho carcinomas, sabes o que isso significa, não sabes?
- Significa que estás a morrer.
- Precisamente. Ainda bem que nos entendemos!